Ler, escrever, refletir sobre a escrita, discutir sobre a leitura.
As aulas de Língua Portuguesa deveriam resumir-se a “somente” isso. Na verdade, há mais de 20 anos, os Parâmetros Curriculares Nacionais orientam essa abordagem.
No entanto, se você entrar em uma aula de Português no Ensino Fundamental, especialmente entre 6º e 9º anos, a chance de encontrar uma aula de gramática tradicional é muito grande.
Quando um aluno chega de outro colégio, sempre pergunto duas coisas: o que você leu na escola e se estudou gramática.
A resposta para a primeira pergunta varia: “não sei”, “não lembro” e “ah, lemos um livro sobre. ..”. Raramente os alunos lembram o que leram, nome do livro, nome do autor, do que se trata.
A resposta para a segunda, é sempre, com raríssimas exceções, sim, muita gramática normativa e o estudo de sua nomenclatura. E olha que estamos falando de escolas particulares reconhecidas como boas instituições educacionais. Mesmo os profissionais - ou livro didático - que afirmam fazer o estudo da gramática contextualizada, acabam retirando uma frase de um texto lido, mas fazendo a mesma análise de sempre. A diferença é que a frase veio de um texto. Pergunto: há mesmo diferença na abordagem ou só muda de onde veio o fragmento?
Resultado: esses alunos têm uma certa dificuldade inicial em estar em uma aula que não tem matéria: “O que a gente tem que estudar para a prova?” ou “Preciso passar a matéria para meu professor particular”.
O conteúdo é ler, entender, discutir, escrever e refletir sobre o que escreveu para aprimorar as habilidades linguísticas. Isso não quer dizer que não haja "matéria" ou que o ensino seja 'solto'.
A justificativa para a continuidade dessa abordagem “antiga” é o famigerado vestibular. Mas nem isso é bom argumento hoje, haja vista as provas de vestibular mais recentes e o ENEM. Na verdade, alunos no fim do ensino fundamental conseguem resolver questões destes concursos.
O que mostro nas postagens não é nada revolucionário do ponto de vista filosófico sobre ensino e aprendizagem de língua portuguesa, mas acaba o sendo, pois pouca gente aplica, por uma série de razões:
- a escola onde o professor trabalha exige o uso de apostilas ou livro didático
- a falta de tempo do professor para preparar material autêntico
- a falta de tempo para corrigir os textos - afinal, corrigir frases de V e F sobre algum assunto gramatical dá bem menos trabalho do que corrigir textos (veja dica abaixo)
- a desculpa de que os alunos precisam aprender a nomenclatura gramatical, pois todo mundo faz assim e porque o vestibular exige...
Longe de ser uma cartilha e de achar que as atividades aqui postadas são ou serão a salvação da educação e das aulas de Língua Portuguesa, o que posto aqui são sugestões de atividades. É um espaço para compartilhamento de ideias.
As atividades aqui sugeridas geralmente partem da leitura de um livro literário de gêneros diferentes - poesia, conto, romance, teatro - ou mesmo de livros não literários, como o relato de viagem de Amyr Klink, "Cem dias entre céu e mar". Para cada obra, procuro solicitar atividades que envolvam trabalho individual e em dupla ou grupos maiores, a prática da oralidade e da escrita, a criatividade e a análise, abarcando, desta forma, uma variedade de habilidades e competências, sejam linguísticas ou mesmo sociais.
Outro dado importante: meus alunos nunca levam tarefa de casa, a não ser quando realmente não usam o tempo dado em sala. Tudo é feito em sala e o acompanhamento do professor durante o processo faz a diferença, porque muitas vezes ao terminar a atividade já fiz a correção durante o processo. #ficaadica
Copie as ideias, altere para a sua realidade ou para seu jeito e depois me conte como foi! Aguardo seus comentários!
Bertille
As aulas de Língua Portuguesa deveriam resumir-se a “somente” isso. Na verdade, há mais de 20 anos, os Parâmetros Curriculares Nacionais orientam essa abordagem.
No entanto, se você entrar em uma aula de Português no Ensino Fundamental, especialmente entre 6º e 9º anos, a chance de encontrar uma aula de gramática tradicional é muito grande.
Quando um aluno chega de outro colégio, sempre pergunto duas coisas: o que você leu na escola e se estudou gramática.
A resposta para a primeira pergunta varia: “não sei”, “não lembro” e “ah, lemos um livro sobre. ..”. Raramente os alunos lembram o que leram, nome do livro, nome do autor, do que se trata.
A resposta para a segunda, é sempre, com raríssimas exceções, sim, muita gramática normativa e o estudo de sua nomenclatura. E olha que estamos falando de escolas particulares reconhecidas como boas instituições educacionais. Mesmo os profissionais - ou livro didático - que afirmam fazer o estudo da gramática contextualizada, acabam retirando uma frase de um texto lido, mas fazendo a mesma análise de sempre. A diferença é que a frase veio de um texto. Pergunto: há mesmo diferença na abordagem ou só muda de onde veio o fragmento?
Resultado: esses alunos têm uma certa dificuldade inicial em estar em uma aula que não tem matéria: “O que a gente tem que estudar para a prova?” ou “Preciso passar a matéria para meu professor particular”.
O conteúdo é ler, entender, discutir, escrever e refletir sobre o que escreveu para aprimorar as habilidades linguísticas. Isso não quer dizer que não haja "matéria" ou que o ensino seja 'solto'.
A justificativa para a continuidade dessa abordagem “antiga” é o famigerado vestibular. Mas nem isso é bom argumento hoje, haja vista as provas de vestibular mais recentes e o ENEM. Na verdade, alunos no fim do ensino fundamental conseguem resolver questões destes concursos.
O que mostro nas postagens não é nada revolucionário do ponto de vista filosófico sobre ensino e aprendizagem de língua portuguesa, mas acaba o sendo, pois pouca gente aplica, por uma série de razões:
- a escola onde o professor trabalha exige o uso de apostilas ou livro didático
- a falta de tempo do professor para preparar material autêntico
- a falta de tempo para corrigir os textos - afinal, corrigir frases de V e F sobre algum assunto gramatical dá bem menos trabalho do que corrigir textos (veja dica abaixo)
- a desculpa de que os alunos precisam aprender a nomenclatura gramatical, pois todo mundo faz assim e porque o vestibular exige...
Longe de ser uma cartilha e de achar que as atividades aqui postadas são ou serão a salvação da educação e das aulas de Língua Portuguesa, o que posto aqui são sugestões de atividades. É um espaço para compartilhamento de ideias.
As atividades aqui sugeridas geralmente partem da leitura de um livro literário de gêneros diferentes - poesia, conto, romance, teatro - ou mesmo de livros não literários, como o relato de viagem de Amyr Klink, "Cem dias entre céu e mar". Para cada obra, procuro solicitar atividades que envolvam trabalho individual e em dupla ou grupos maiores, a prática da oralidade e da escrita, a criatividade e a análise, abarcando, desta forma, uma variedade de habilidades e competências, sejam linguísticas ou mesmo sociais.
Outro dado importante: meus alunos nunca levam tarefa de casa, a não ser quando realmente não usam o tempo dado em sala. Tudo é feito em sala e o acompanhamento do professor durante o processo faz a diferença, porque muitas vezes ao terminar a atividade já fiz a correção durante o processo. #ficaadica
Copie as ideias, altere para a sua realidade ou para seu jeito e depois me conte como foi! Aguardo seus comentários!
Bertille